quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mais lua do que luar.


"Viver é expandir, é iluminar. Viver é derrubar barreiras entre os homens e o mundo. Compreender. Saber que, muitas vezes, nossa jaula somos nós mesmos, que vivemos polindo as nossas grades, ao invés de nos libertarmos delas.
Procuro descobrir-nos outros sua dimensão universal, única. Sou coletivo. Tenho o mundo dentro de mim. Um profundo respeito humano. Um enorme respeito à vida. Acredito nos homens. Até nos vigaristas. Procuro desenvolver um sentido de identificação com o resto da humanidade. Não nado em piscina se tenho o mar. Por respeito a cada ser humano em todos os cantos da terra, e por gostar de gente – gostar de gostar – é que encontro em cada indivíduo o reflexo do Universo.
As pessoas chamam de amor ao amor próprio. Chamam de amor ao sexo. Chamam de amor a uma porção de coisas que não são amor. Enquanto a humanidade não definir o amor, enquanto não perceber que o amor é algo que independe da posse, do egocentrismo, da planificação, do medo de perder, da necessidade de ser correspondido, o amor não será amor.
A gente só é o que faz aos outros. Somos conseqüências dessa ação. Não fazer... Deixa-me extenuado.
Talvez a coisa mais importante da vida seja não vencer na vida, não se realizar.
O homem deve viver se realizando.
O realizado botou ponto final.
Não podemos viver, permanentemente, grandes momentos. Mas podemos cultivar sua expectativa. Acredito em milagre. Nada mais miraculoso que a realidade de cada instante. Acredito no sobrenatural. O sobrenatural seria o natural mal explicado, se o natural tivesse explicação. Enquanto o homem não marcar um encontro consigo mesmo, verá o mundo com prisma deformado. E construirá um mundo em que a lua terá prioridade.
Um mundo mais lua do que luar..."

Pedro Bloch.